sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Como escolher o melhor roteiro?

Em 2006, o Writer’s Guild of America elegeu Casablanca como o filme com o melhor roteiro da história. Segundo o site oficial da entidade, sua eleição foi resultado de uma enquete realizada com seus membros, no qual cada um fazia uma lista com seus 10 melhores filmes. Existem diversas listas como essa, das mais variadas fontes, cada uma elegendo os mais diferentes titulos como o melhor do ano, do século, aquele que deve ser visto antes de morrer, entre outras adjetivações. Diante dessa quantidade, surge a dúvida: o que torna um roteiro melhor que os outros, sendo que são tantos dos mais variados estilos e linguagens?

Segundo a Profa. Dra. Gláucia Davino, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, são vários os critérios para se avaliar uma produção, como “quem julga, elementos técnicos, época, tipo de festival, a importância do filme na cinematografia, gosto e política”. Ela aponta a característica que costuma ser considerada, que é uma trama que se mostre surpreendente ou inovadora na época do lançamento do filme. Ela cita Pulp Fiction como exemplo: “todos adoraram e eu perguntava para meus alunos qual era a história , quem era o protagonista, e ninguém sabia bem dizer o que exatamente fazia do filme um cult de roteiro”.

Outros fatores também podem interferir na escolha, pois o roteiro é apenas uma parte de uma produção, e portanto seu diretor e estúdio irão lhe dar aspectos diferentes ao imaginado pelo roteirista. Logo, uma superprodução e um filme independente são vistos de outra forma. “Os filmes independentes que se originam de bons roteiros, acabam tendo um destaque, porque mesmo sem dinheiro, o roteiro sustenta o filme”, destaca Gláucia.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

[Perfil] Jandira Martini

Nascida em Santos, no dia 10 de julho de 1945, a atriz brasileira, Jandira Lúcia Lália Martini, já atuou em diversas novelas, peças de teatro e também no cinema. O que poucos sabem é que além de atriz, ela também é autora de peças teatrais, de roteiros para cinema e televisão.

Formou-se em letras pela Universidade Católica de Santos em
1967. Apenas dois anos depois, finalizou o curso de interpretação pela Escola de Arte Dramática, EAD. Sua carreira de atriz começou na montagem de Medéia, de Eurípides, direção de Silnei Siqueira, que destaca Cleyde Yáconis como protagonista, em 1970.

No ano de 1981, começa sua carreira como roteirista, e ao lado do ator Marcos Caruso, começa uma bem sucedida parceria, que começou com a criação do texto da peça, "Jogo de Cintura" (1986), e que gerou uma grande lista de espetáculos de sucesso como: "Porca Miséria" (1993), "Sua Excelência, o Candidato" (1994) e "Os Reis do Improviso" (1996).

Sua obra de maior sucesso até hoje é a peça "Trair e Coçar, É Só Começar" (1989), escrita em conjunto com Marcos Caruso, que está há mais de vinte anos em cartaz. Considerado um verdadeiro recorde de bilheteria, a peça já obteve quatro registros no Guinness Book como a peça brasileira de mais longa temporada e atualmente virou filme.

No segundo semestre desse ano (2008), Jandira Martini deu vida à atriz Eleonora Duse, na peça "O Eclipse", comédia dramática assinada pela atriz. Dirigida por Jô Soares, a peça acontece durante a passagem de Eleonora Duse por São Paulo, em 1907. Na galeria do hotel, a diva (interpretada por Jandira) conversa com Pietro (Roney Facchini), um cozinheiro imigrante, e com Serrador (Maurício Guilherme).


Na televisão seus grandes destaques foram nas novelas "Éramos Seis", do SBT, aonde vivia a personagem Genu e na novela de Gloria Perez, "O Clone", onde interpretava Zoraide. Seu último trabalho na TV foi na novela "Desejo Proibido" (2007), onde vivia a personagem Guará.

PRINCIPAIS TRABALHOS
TELEVISÃO (Atriz)
[2007] Desejo Proibido - Dona Guará
[2007] Amazônia, de Galvez a Chico Mendes - Donana
[2005] América - Odaléia de Oliveira
[2005] A Diarista - Dilma (ep: Aquele com os Loucos)
[2003] A casa das sete mulheres - Dona Antônia
[2001] O Clone - Zoraide
[2001] Os Maias - Eugênia Silveira
[1996] Brava Gente - Augusta Messinari
[1995] Sangue do Meu Sangue - Rebeca
[1994] Éramos Seis - Genu
[1991] O Fantasma da Ópera - Marion Leik Fitzgerald
[1990] A História de Ana Raio e Zé Trovão - Vitória Imperial
[1987] Sassaricando - Teodora
[1985] Roda de Fogo - Filomena Liberato
[1983] Braço de Ferro
[1980] Chega Mais - Adriana
[1978] Dancin' Days - Jamile Santos
[1978] Maria, Maria - Cristina
[1976] Saramandaia - Reitora Nascimento
[1974] Fogo sobre Terra - Célia Peixoto
[1972] Uma Rosa com Amor - Jéssica Petrone
[1969] A Ponte dos Suspiros - Consuelo Gonzalez
[1968] Beto Rockfeller - Maria Viana
[1966] Eu Compro Esta Mulher - Bia Lopes
[1965] Um Rosto Perdido - Elza
[1965] Ilusões Perdidas - Graça

CINEMA (Atriz)
[2004] Olga - Sara
[1990] Uma Escola Atrapalhada - Dona Alma

TEATRO (Roteirista)
[1981] Em Defesa do Companheiro Gigi Damiani
[1986] Sua Excelência, o Candidato
[1988] Jogo de Cintura
[1992] A Vida É Uma Ópera
[1993] Porca Miséria
[1994] O Céu da Pátria
[1994] Sua Excelência, o Candidato
[1996] Os Reis do Improviso
[2006] Operação Abafa
[2008]
O Eclipse

TEATRO (Diretora)
[1981] Em Defesa do Companheiro Gigi Damiani
[1986] Ao Sol do Novo Mundo
[1989] A Revolução Está Chegando e Eu Não Tenho o Que Vestir
[1999] Gato Por Lebre

TEATRO
(Atriz)
[1967] Joana d'Arc Entre as Chamas
[1968] O Relicário
[1970] A Longa Noite de Cristal
[1970] O Interrogatório
[1970] Medéia
[1971] Cândido
[1973] Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube
[1974] O Que Você Vai Ser Quando Crescer?
[1975] Ricardo III
[1976] Vamos Brincar de Papai e Mamãe Enquanto Seu Freud Não Vem
[1977] Um Ponto de Luz
[1978] Bodas de Papel
[1979] As Avestruzes
[1981] Em Defesa do Companheiro Gigi Damiani
[1982] Morre o Rei
[1984] Com a Pulga Atrás da Orelha
[1985] O que o Mordomo Viu
[1986] Sua Excelência, o Candidato
[1988] Jogo de Cintura
[1993] Porca Miséria
[1996] Os Reis do Improviso
[2006] Operação Abafa
[2008]
O Eclipse

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

[Perfil] Marcos Caruso

Nascido em São Paulo, no dia 22 de fevereiro de 1952, Marcos Vianna Caruso, desde os sete anos de idade já sabia que queria ser ator. Hoje é dono de uma consagrada carreira dentro da dramaturgia brasileira, mas o que poucos sabem é que além de atuar, Caruso também escreve e dirige telenovelas, peças teatrais e roteiros para cinema.

Formado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Marcos Caruso casou-se com
a atriz Jussara Freire, com quem viveu por vinte anos e teve dois filhos (Caetano Caruso e Mari Caruso). Hoje está casado com com Dani Calichio.

Sua estréia como ator aconteceu em 1973, na produção do grupo União e Olho Vivo, em "Rei Momo". Mas foi apenas em 1986, que lançou-se como autor, estreando com “Jogo de Cintura”, em parceria com Jandira Martini. Tal parceria gerou uma grande lista de textos e espetáculos de sucesso como: "Porca Miséria" (1993), "Sua Excelência, o Candidato" (1994) e "Os Reis do Improviso" (1996).

Sua obra de maior sucesso até hoje é a peça "Trair e Coçar, É Só Começar" (1989), escrita em conjunto com Jandira Martini, que está há mais de vinte anos em cartaz. Considerado um verdadeiro recorde de bilheteria, a peça já obteve quatro registros no Guinness Book como a peça brasileira de mais longa temporada e atualmente virou filme.


Nesse ano, Marcos Caruso viveu o padre da novela "Desejo Proibido" e hoje está no ar na novela "Três Irmãs", ambas da Rede Globo. Em entrevista ao portal do Uol, ele revela que ainda tem receio de trabalhar em um veículo de comunicação tão poderoso. "O meu medo é que ela cria atores de um papel só. Isso dá a impressão de que a televisão não tem criatividade ou não confia no talento do contratado", afirma. Sua biografia pode ser encontrado no livro "Um Obstinado", de Eliana Rocha, publicado na Série Perfil, da Coleção Aplauso.

ROTEIRISTA:
# Trair e Coçar É Só Começar (2006) [Cinema]
# O Casamento de Romeu e Julieta (2005) [Cinema]
# Brava Gente (1996) [TV]
# Sua Excelência, o Candidato (1992) [Teatro]
# A História de Ana Raio E Zé Trovão" (1990) [TV]
# Braço de Ferro (1983) [TV]
# Campeão (1982) [TV]
# A Filha do Silêncio (1982) [TV]

ATUAÇÃO:
# [2008] Três Irmãs - Dr. Alcides Áquila
# [2008] Casos e Acasos - Adauto
# [2007] Desejo Proibido - Padre Inácio Gouvêia
# [2006] Páginas da Vida - Alex (Alexandre Flores)
# [2004] Como uma Onda - Dr. Prata
# [2003] Mulheres Apaixonadas - Carlão (Carlos de Souza Duarte)
# [2002] Coração de Estudante - Dr. Raul Gouvêia
# [2001] Presença de Anita - Gonzaga
# [2001] O fantasma da ópera - Ronald Figueiredo
# [1998] Serras Azuis - Dr. Rivaldino Paleólogo
# [1995] Sangue do meu sangue - Conde Giorgio de La Fontana
# [1994] Éramos seis - Virgulino
# [1990] A História de Ana Raio e Zé Trovão - locutor de rodeios
# [1990] O Canto das Sereias - Hélio
# [1990] Pantanal - Tião
# [1984] Jerônimo - Dr. Otoniel
# [1978] Aritana - Marcolino

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

[Perfil] Rosemberg Cariry

Nascido em Farias Brito, no Ceará, formou-se em Filosofia. Começou sua carreira em 1986, com o documentário “O caldeirão da Santa Cruz do Deserto”. Depois, em 1993, rodou “A saga do guerreiro alumioso”. Trabalhou também em produções de TV sobre a cultura do nordeste.

Desde criança, tem interesse pelo tema do cangaço, o qual ele retratou em 1996, com “Corisco e Dada”. No filme, ele mescla relatos do casal e suas memórias de infância, povoadas pelas figuras dos fora-da-lei.

Seu filme mais recente, “O Grão”, fala da morte eminente de uma senhora, Perpétua, e sua maneira de preparar seu neto, Zeca, para o que está para vir, através de uma história, que ela conta enquanto a família de Damião e Josefa se prepara para o casamento de sua filha Fátima.

Seu próximos projetos incluem uma mistura de figuras folclóricas do Ceará com obras de José de Alencar, em “Cine Tapuia”. Já “Siri-ará” fala da vinda de Dom Pero Coelho ao sertão.

Trailer de "O Grão":


Entrevista para a TV Crato:



quarta-feira, 12 de novembro de 2008

[Perfil] Paulo Cezar Saraceni

Já em seu primeiro trabalho, o curta-metragem “Arraial do Cabo”, Saraceni ganhou sete prêmios em festivais na Itália, França e Espanha, além de prêmios por aqui. Após isto, ganhou uma bolsa do Centro Experimental de Cinematografia de Roma, o que permitiu que fizesse contatos com cineastas de renome, como Bernardo Bertolucci e Guido Cosulich. Também nessa época esteve em contato com Gluber Rocha, com quem faria o movimento do Cinema Novo, junto de Nelson Pereira dos Santos e outros.

Em 1962, voltou ao Brasil e adaptou o romance de Lúcio Cardoso em "Porto das Caixas", de quem também adaptaria "A Casa Assassinada" e "O Viajante". Ganhou um prêmio pelo roteiro de “Capitu” em 1967, no qual também assinam Paulo Emílio Sales Gomes e Lygia Fagundes Telles.

Defensor entusiasmado do cinema nacional, faz frente ao domínio do cinema norte-americano em nossas salas de exibição. Seus filmes são uma maneira de representar os problemas brasileiros. É de sua autoria a frase “uma câmera na mão, uma idéia na cabeça”, propagada por Glauber Rocha, na qual consiste em uma maneira de enfrentar não apenas problemas técnicos, mas pensar fora da grande indústria na realização de produções.

Ficha Técnica de "Arraial do Cabo"

Trecho do filme "Bahia de todos os sambas":


[Perfil] Helvécio Ratton

Nascido na bucólica Divinópolis, Minas Gerais, em 1949, Helvécio Ratton, formou-se em Psicologia, mas ficou mundialmente conhecido como cineasta. Começou a trabalhar com cinema "por paixão e por acaso. Desde a infância, os filmes tiveram muita importância em minha vida", conta.

Na adolescência, teve que ir morar no Chile como exilado político, por sua participação política na faculdade. Lá retomou os estudos de Economia, até que uma tarde, no centro de Santiago, um amigo chileno estava formando uma equipe lhe convidou pra trabalhar com ele. Helvécio aceitou e trabalhou como assistente de produção no departamento de arte. Depois dessa experiencia não parou mais. Trabalhou para a Chile Films na produção de diversos curtas, onde fazia a produção a roteiro. Voltou em 75 para o Brasil, onde fez diversos filmes publicitários e documentários institucionais, enquanto não conseguia fazer seus próprios filmes.

Hoje seus filmes estão entre os nacionais mais premiados mundialmente. Sua estréia na direção de um longa-metragem foi com "A Dança dos Bonecos" (1986), premiado em Brasília, em Gramado e em festivais na Itália, na Alemanha e em Portugal. Sua volta aos filmes infantis foi quando cuidou da direção de "Menino Maluquinho" (1995), inspirado no personagem criado por Ziraldo. Fundou a Quimera Filmes, em sociedade com Simone Matos, onde rodou "Amor & cia." (1998), baseado em Eça de Queirós, premiado nos festivais de Brasília e Mar del Plata.

Para Ratton, o público vai ao cinema por causa dos atores, por isso seu pensamento é o oposto de muitos cineastas, para ele o que mais importa em seus filmes são os atores, sendo privilegiados e sendo sempre centro da produção.

"Busco narrar através de imagens, procuro material visual todo o tempo, até mesmo durante o processo de escrita do roteiro. Vejo fotos, filmes, visito locações e ver tudo isso vai condicionando a própria criação do texto. A visualização, portanto, não é para mim um processo que ocorre depois do roteiro estar pronto, mas sim durante sua própria criação", revela em entrevista ao Site de Cinema.

Para a televisão trabalhou na direção e no roteiro de "O Casamento de Iara" (2004). Seu último trabalho nos cinemas foi o longa-metragem "Pequenas Histórias" (2007), que conta a história de uma bordadeira, que na varanda de uma fazenda, conta histórias de humor e magia.

Vale citar que o critico de cinema Pablo Villaça escreveu uma biografia sobre Helvécio, que ganhou lançamento em evento especial durante a 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

FILMOGRAFIA
Direção:
# Pequenas Histórias (2007)
# Batismo de Sangue (2006)
# O Casamento de Iara (2004) [TV]
# Uma Onda No Ar (2002)
# Amor & Cia (1998)
# Menino Maluquinho - O Filme (1994)
# A Dança dos Bonecos (1986)
# Em Nome da Razão (1979) [Curta-metragem]

Roteirista:
# Pequenas Histórias (2007)
# Batismo de Sangue (2006)
#
O Casamento de Iara (2004) [TV]
# Uma Onda No Ar (2002)
# A Dança dos Bonecos (1986)

Produtor:
# Batismo de Sangue (2006)
# Noites do Sertão (1984)
# Idolatrada (1983)

Segue abaixo dois vídeos com uma entrevista que Renato Silveira, co-editor do Cinema em Cena, fez com o cineasta Helvécio Ratton e o trailer do longa-metragem "Pequenas Histórias".


TRAILER: "PEQUENAS HISTÓRIAS"

Link: http://www.youtube.com/watch?v=FpqmHcDcxSk

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Leopoldo Serran na Cinemateca!

"A Grande Cidade", "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "Bye Bye Brasil", "O Quatrilho", "O Que É Isso, Companheiro?". Esses são filmes fundamentais na história do cinema brasileiro. Refletem bem épocas específicas e tiveram considerável repercussão quando foram lançados. Mas, a par de suas temáticas completamente diferentes, o que esses filmes têm em comum? Todos eles foram escritos ou co-escritos por um dos mais destacados autores do cinema nacional, Leopoldo Serran. Falecido no último mês de agosto aos 66 anos devido a um câncer no fígado, Serran recebe essa semana uma homenagem da Cinemateca Brasileira, com a exibição de 9 filmes que tiveram o carioca formado em Direito como autor.

A partir dessa quarta-feira (12) e até domingo, o público paulistano terá a oportunidade de conhecer (ou rever) alguns títulos que, incontornavelmente, fazem parte dos clássicos de nossa cinematografia. "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), dirigido por Bruno Barreto, por exemplo, é até hoje a maior bilheteria nacional, com mais de 10 milhões de entradas. Considerando todos os filmes lançados no Brasil, só perde para "Titanic" (1997), de James Cameron e "Tubarão" (1975), de Steven Spielberg. Em 1975, recebeu o prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) pelo roteiro de "A Estrela Sobe", juntamente com Cacá Diegues, Bruno Barreto e Isabel Câmara.

Serran não escreveu apenas roteiros para cinema. Também trabalhou em seriados televisivos, como "A Máfia no Brasil" (1984), "Engraçadinha...Seus Amores e Seus Pecaods" (1995), baseado no texto de Nelson Rodrigues e "Carga Pesada" (2003).

Em relação à programação da Cinemateca, vale dar dois destaques. O primeiro é "Na Boca do Mundo" (1978), de Antônio Pitanga, mais conhecido do público como ator. O longa será exibido em DVD, pois, como informa o site da Cinemateca, não existem cópias em película. O segundo é "Desesperato" (1968), de Sérgio Bernardes Filho, filme pouco conhecido e que será passado em uma cópia 35 mm restaurada.

Confira a programação completa no site da Cinemateca.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Habilidade portuguesa em mares revoltosos

Um melodrama documental. É nesse gênero que se encontra o filme vencedor do prêmio da crítica do findo 32º Festival de Cinema de São Paulo. O português Aquele Querido Mês de Agosto (2008), é um filme que nasceu mais pelas mãos de Miguel Gomes que pela ajuda das verbas.

Meses antes das filmagens previstas, os produtores avisaram a Gomes de que o roteiro custava caro para ser captado. Logo, o luso-diretor de 36 anos teve de recorrer a filmagens documentais das festas de agosto - pano de fundo da trama - em Portugal, para cortar gastos com a produção. Um ano depois, ele retorna aos bailes de verão para filmar o roteiro ficcional de seu longa. Para tanto, o cineasta pede aos habitantes das localidades filmadas para entrarem nas gravações e interpretar personagens, além de usar, também, a própria equipe para a dramatização. O que se assiste, é a uma história interpretada por diretor de produção, assistente de câmera e, até, maquiadora.

Além disso, Gomes escreveu o argumento junto a Mariana Ricardo que trabalha com música. Foram ouvidas centenas de canções que permearam os 150 min. de filme.

“Ele [o filme] não quer repetir fórmulas, quer experimentar. É o tipo de filme que corre riscos” diz o crítico de cinema, Sérgio Rizzo. Sérgio acentua a importância da crítica ao selecionar um filme e trazê-lo ao conhecimento público – ainda que, aqui no Brasil, o longa não tenha sido comprado por nenhuma distribuidora – e destaca que o experimentalismo de Aquele Querido Mês de Agosto é um fator a ser valorizado.

Os problemas existiram como deixa evidente o diretor Miguel Gomes em entrevista ao blog de cinema da Ilustrada, porém esses mesmos empecilhos deram ao trabalho do português, exclusividade.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

[Perfil] Erik De Castro

Nascido em 1971, Erik De Castro é um cineasta brasiliense que desde sua adolescência, se dedicava ao cinema. Com 18 anos, criou, em parceria com Heber Moura, o programa de rádio 'Sábado à noite no cinema'.

Entre os anos de 92 e 94, foi estudar em
Los Angeles City College, retornando para Brasília apenas em 95, quando funda com o irmão, Christian de Castro, a BSB Cinema Produções. Além disso, também é um dos fundadores dos Estúdios Millenium, de Brasília, um complexo de produção audiovisual.

No ano de 96,
Erik, assinou a produção, co-roteirizou e co-dirigiu o média-metragem, "Razão para Crer", ao lado de Heber Moura. No ano de 99, dirigiu o longa "Senta a Pua!", um documentário sobre a participação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça brasileiro na Segunda Guerra. O documentário foi exibido na última noite do Festival de Brasília de 1999.

Outro documentário com um tema muito parecido, produzido por Erick, foi "A Cobra Fumou", lançado em 2002, destacando o papel da Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. Esse ano, está agendado para acontecer a estréia do longa "Federal", filmado em 2006, que conta a história de um perigoso traficante que se instala em Brasília.

FILMOGRAFIA
Diretor
Federal (2008)
Senta a Pua! (2000)

Montagem
Senta a Pua! (2000)


Produtor
Federal (2008)
A Cobra Fumou (2002)

Senta a Pua! (2000)


Roteirista
Federal (2008)
Senta a Pua! (2000)


Trailer do filme "
Senta a Pua!" (2000)

Link: http://www.youtube.com/watch?v=NqaiTkBZYpo

sábado, 1 de novembro de 2008

Dois roteiros para um único épico

Günter Lamprecht como Franz Biberkopf em Berlin Alexanderplatz (1980)
Nos idos de 80, o mundo encontrava-se na tensão de uma possível guerra nuclear protagonizada pelos panteões bélicos da época, que haviam tomado Berlim por palco de suas ideologias e políticas. Dividida em duas, a atual capital alemã teve uma de suas praças demarcada como propriedade soviética. Alexanderplatz estava encravada no centro de uma cidade símbolo de uma nação que conheceu a riqueza pela industrialização radical e rápida, mas também, por sanções que humilharam e delimitaram seu poderio como Estado forte.
Foi na mesma conturbada década de 80, que a televisão alemã ARD, publica Berlin Alexanderplatz (1980), série inspirada no romance de Alfred Döblin. Dirigida e roteirizada por Rainer W. Fassbinder, a série, com 13 episódios e epílogo, seria exibida em toda sua extensão de 15h e 20 min, nos cinemas alemães em 23 de junho de 1981. O filme foi rodado, pela segunda vez e em sua versão remasterizada, na 32ª Mostra Internacional de Cinema em blocos de 3 episódios cada. Anteriormente, já tinha ido às telas em uma só tacada na 9ª Mostra de Cinema.

Apesar de não ter concebido uma versão especial para o cinema como queria – elenco diferente, roteiro diferente, formato diferente – o cineasta tornou-se reconhecido pelo megafilme. “Fassbinder não busca mostrar o estereótipo do alemão, nem uma visão cor-de-rosa dele, mas sim, uma visão crítica da sociedade alemã”, diz o historiador e organizador de mídias do Instituto Goethe, Paulo Pina. O filme traz o protagonista Franz Biberkopf como partícula integrante de uma sociedade materialista que busca purgar seus fantasmas e levar uma vida tranqüila. “É um filme épico. Por meio de um personagem se construiu a história de um povo”, complementa Paulo.

O romance homônimo de Döblin é dividido em 9 ivros, mas veio posterior à história contada em folhetins no ano de 1928. Três anos mais tarde, é feita a primeira versão de Berlin Alexanderplatz para o cinema. Phil Jutzi dirige e o próprio Döblin roteiriza, no entanto, o filme mais antigo não passa dos 90 min.

Em entrevista contida no livro A Anarquia da Fantasia (Jorge Zahar, 1988), Fassbinder fala sobre o roteiro da série e o roteiro de Berlin Alexanderplatz para um futuro filme: “o seriado de TV procura estimular o espectador a ler, muito embora sua visão seja solicitada. O trabalho do filme é completamente diferente: para começar ele conta, de forma bastante condensada, uma estória que só posteriormente surte seu efeito, botando para trabalhar a consciência e a imaginação do espectador. Pode-se dizer que segui muito de perto o romance. E pode-se dizer também que existem modificações decisivas.”

Embora não tenha feito o filme, mas apenas a série, o diretor bávaro deixa bem claro, com a exteriorização dos diálogos interiores contidos no livro de Döblin, o distanciamento do personagem de si mesmo, fator que acaba contaminando o espectador e colocando-o num lugar de crítico ao invés de imergi-lo na trama por identificação com as personagens. Além disso, Fassbinder dá ênfase ao papel das mulheres em Berlin Alexanderplatz, coisa que não se verifica no romance de Döblin, já que o autor se atém a tradição romanesca do século XVIII, época em que as mulheres não são muito consideradas, exceto quando se tem vontade ou necessidade.

Mesmo com sua morte prematura aos 37 anos, Fassbinder deixou um grande legado ao povo alemão, ainda que precisasse mexer em cruentas feridas. Nem Berlin Alexanderplatz nem as demais películas do diretor alemão são suaves no que propõem, e estão determinadas em discutir o status de uma nação que intercalou fracassos e glórias em tão curto tempo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

[Perfil] Daniela Thomas e Walter Salles

Com o lançamento neste ano de “Linha de Passe”, Daniela Thomas e Walter Salles dão prosseguimento a uma parceria em roteiros e direção de filmes que teve início há mais de dez anos, em 1995 com “Terra Estrangeira” e que é seguramente um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro da década de 90. A dupla também realizou “O Primeiro Dia” em 1999, encomendado por uma TV francesa.

Além disso, em 2001, Daniela participou da construção de alguns diálogos de “Abril Despedaçado” de Salles. Ambos ainda fizeram juntos dois curtas, “Castanha e Caju Contra o Encouraçado Titanic” (2002) e o episódio “Longe do 16º Distrito” do projeto coletivo “Paris, te amo” (2006)

A relação Professional de Daniela e Walter começou em 1994, quando ela foi convidada a fazer a direção de arte de um especial sobre Tom Jobim e João Gilberto dirigido por Walter Salles e Boninho para a TV Globo. Nessa época, Daniela já havia construído uma carreira sólida na área de cenografia, figurinismo e iluminação, inclusive no teatro, com Gerald Thomas, com quem trabalhou na Companhia de Ópera Seca.

Filha do cartunista Ziraldo, Daniela nasceu em 1959. Formada em História, foi para Londres no início dos anos 80, onde assistiu aulas na International Film School. Na cidade inglesa, dirigiu o curta “The Others And I” (1981). Em 1995, ela participou da Quadrienal de Cenografia, Indumentária e Arquitetura Teatral de Praga, a maior exposição de cenografia do mundo. Lá, ela recebeu o prêmio máximo, juntamente com a delegação brasileira, encabeçada por Ruth Escobar e composta pelos cenógrafos José de Anchieta e J. C. Serroni.

Três anos depois, recebeu o prêmio Sharp por seu trabalho nos figurinos e cenografia da peça “Don Juan”. Daniela Thomas dirigiu dois curtas-metragens, “Adão ou Somos Todos Filhos da Terra” (1998) e “Armas e Paz” (2003). Roteirizou também “Menino Maluquinho 2: A Aventura” (1998), baseado no personagem criado por seu pai.

Walter Salles Júnior é filho do embaixador e banqueiro Moreira Salles, fundador do Unibanco. Nasceu em 1956 na cidade do Rio de Janeiro. Pensando seguir a carreira do pai, cursou economia na PUC-RJ. Depois de formado, foi para os Estados Unidos estudar comunicação audiovisual na Universidade da Califórnia, a mesma que formou George Lucas.

Salles começou a carreira na publicidade, realizando centenas de filmes comerciais. Dirigiu, ainda nos anos 80, séries televisivas, como “Conexão Internacional” e “Japão – Uma Viagem no Tempo” Em 1985, abre com o irmão João Moreira Salles, documentarista, e um terceiro sócio a produtora Videofilmes. Na produtora, realizou seu primeiro trabalho em curta-metragem, um documentário, “Krajcberg – O Poeta dos Vestígios” (1987), sobre o artista plástico emigrado da Polônia para o Brasil em 1948.

Desde então, Salles tem atuado, de forma intensa, tanto em direção e roteiro quanto em produção. Nesse último setor, tem atuado inclusive em filmes estrangeiros, como dois filmes do diretor argentino Pablo Trapero, “Nacido y Criado” (2006) e “Leonera” (2008). No Brasil, obras de relevo como “Cidade de Deus” (2002), “Madame Satã” (2002) e “O Céu de Suely” (2006) tiveram Salles como produtor ou co-produtor.

Na direção de longas-metragens, Salles tem uma das carreiras mais premiadas do cinema brasileiro recente. O filme “Central do Brasil” (1998), por exemplo, foi indicado a dois prêmios no Oscar (Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz), ganhou o Leão de Ouro e o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim e venceu o BAFTA de Melhor Filme Estrangeiro.

Fututro(s) do Brasil

Tomando como referência os três longas realizados pela dupla, é interessante observar a diferença de tom que caracteriza cada um desses trabalhos. Nesses treze anos que separam “Terra Estrangeira” de “Linha de Passe”, o Brasil mudou muito e as próprias condições do fazer cinematográfico igualmente se alteraram. Pra melhor? Sim, pode-se dizer que sim. E essa mudança se reflete nos filmes.

De uma visão desesperançada do futuro em 1995, temos em 1999 um futuro em aberto, que pode trazer melhorias, apesar das perdas que a vida impõe pelo caminho. Já em 2008, Daniela e Salles parecem sugerir que a vida é, sim, cheia de possibilidades promissoras. Precisamos apenas assumir a direção das coisas.
Numa entrevista dada recentemente ao Canal Brasil Walter Salles disse não se preocupar mais com números de bilheteria ou arrecadação. O importante é realizar filmes que possam, de uma maneira ou de outra, criar uma identidade brasileira, onde os brasileiros possam se reconhecer na tela. Em outras palavras, criar um imaginário nacional. Daniela e Salles, sem dúvida, contribuem com obras fundamentais para a constituição desse imaginário brasileiro.

Algumas críticas publicadas na internet a respeito dos longas feitos pela dupla:

http://www.contracampo.com.br/77/dvdvhsterraestrangeira.htm

http://www.contracampo.com.br/11-12/oprimeirodia.htm

http://www.revistacinetica.com.br/linhadebate.htm

E para quem não assistiu os filmes, aí vão os trailers / trechos dos três:

http://www.youtube.com/watch?v=q6awC712onM

http://www.youtube.com/watch?v=EhgFyCAVW00

http://www.youtube.com/watch?v=htb3pX-6CVA

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Uma estrela diferente brilha em nossas terras

A 32ª Mostra de Cinema de São Paulo teve uma diferença que a destacou de outras edições. O diretor alemão Wim Wenders, expoente do chamado “Novo Cinema Alemão” foi convidado a escolher 15 filmes para exibição da mostra, além de receber o Troféu Humanidade, o qual já premiou Manoel de Oliveira, Eduardo Coutinho e Amos Gitai.

No dia 21, Wenders falou aos estudantes da FAAP junto do organizador Leon Cakoff. A aluna
Laila Pas, do curso de cinema da faculdade, se sentiu honrada pela presença ilustre, que ela classificou como um dos grandes nomes entre os cineastas. “Só pela oportunidade de ter um cineasta desse porte no Brasil, em um evento organizado por brasileiros, traz visibilidade para o mercado daqui”. Ela também destacou os temas “humanitários”, os sentimentos e as escolhas do indivíduos tratados em seus filmes. "A vinda dele prova que a trajetória da Mostra nesses 32 anos para trazer filmes do mundo todo, sua luta contra a censura, tudo valeu a pena".

Segundo a estudante, a Carta Branca foi uma escolha pessoal de Cakoff, o qual disse no debate que sua trajetória pelo mundo do cinema se confunde com os filmes do diretor. “Wenders disse que mandou a lista e logo em seguida falou com Carkoff, disse que havia mudado ela, que era difícil escolher os melhores”. Entre os escolhidos, são dele apenas seu novo filme, Palermo Shooting e Invisíveis, no qual assina um episódio.

Em recente sabatina à Folha, Wenders afirmou que escreve roteiros falsos para conseguir o financiamento para um filme, mas que logo os descarta, pois prefere fazer filmes sem planejamento, para captar melhor a realidade. Asas do Desejo, ganhador de prêmios em Cannes e em vários festivais europeus, foi citado pelo diretor sobre como uma obra sua sem roteiro. Paris, Texas, outra de suas obras mais importantes, foi feita com um final planejado que ele classificou de "ridículo", para ter um roteiro para mostrar aos investidores.


Palermo Shooting trata da jornada de um fotógrafo que é perseguido pelo tema da morte até a cidade siciliana de Palermo, onde ocorre um Festival da Morte, em que começa a lidar com isso de outra forma.

Veja o trailer:

Esquimós e winnipegers: cada um narra de um jeito

Buscar a história de uma cidade, casada com a memória afetiva que se tem dela. Foi o que fez Guy Maddin com Meu Winnipeg (2007), filme exibido no 32º Festival Internacional de Cinema de São Paulo. O diretor canadense [de Winnipeg] costura seu longa com eventos reais sobre a cidade de Winnipeg e a visão de suas próprias experiências dentro dela. Para tanto, ele usa de cortes, colagens e acelerações – técnica muito utilizada no vídeo-clipe – para construir sua fábula.

Cássio Carlos Starling, crítico de cinema, diz em matéria à
Folha de S. Paulo, que Maddin buscou seu roteiro fílmico na matriz do cinema-olho de Vertov. Em Meu Winnipeg , a câmera vive, passeia pela cidade sempre sentindo os lugares, os movimentos, buscando o registro histórico e a subjetividade através da objetiva. No entanto, o winnipeger separa-se de Vertov quando inocula no enredo não só a história da cidade canadense, mas a sua própria história junto a ela. O resultado é um documentário hipersubjetivo, com uma narrativa onírica e, até mesmo, delirante.

Essa realidade ficcional é uma das peças constituintes do feitio documental. O americano Robert Flaherty (1884 – 1951) tocou o cerne do conflito cinema ficcional X documentário, com seu filme Nanook, o esquimó (1921), durante o começo do século XX. Flaherty houvera filmado sua jornada pelo Alasca em 1913. No entanto, os negativos dessa filmagem foram destruídos por um incêndio. Assim, em 1920, o diretor retorna ao Alasca para recriar, de modo autêntico ao original, o que havia perdido nas chamas. Isso fez com que Flaherty reproduzisse, através da montagem dos planos, costumes perdidos pelos esquimós entre os anos em que o primeiro material fora filmado e a “regravação” do segundo.

“Ele cria uma história dos relacionamentos, formas de trabalho e costumes daquele povo. Não importa a ordem em que ele filmou, mas como ele coloca o material cronologicamente”, pontua Gláucia Davino, doutora em cinema pela USP e professora do curso de publicidade e propaganda da Universidade Mackenzie. De acordo com a professora, Flaherty narrava histórias ficcionais através da realidade capturada pelo filme sem, porém, contar mentira alguma.

“O que é mais flagrante em Nanook não é seu lugar de ilusionismo discursivo ou de realidade transcrita, mas o modo como ele registra o momento em que o cinema descobre, em seu aparato técnico, a possibilidade de uma dramaturgia liberta dos padrões de captação, iluminação, interpretação e segurança dos palcos-estúdios” diz o cineasta Felipe Bragança, em matéria à revista virtual de cinema
Contracampo.

Tanto Nanook como Meu Winnipeg, inserem-se dentro de um cinema que não está preocupado com os embates da ficção com realidade. Os dois procuram, através da brincadeira com os planos, um jeito de narrar uma fábula: seja ela reprodutível como acontecimento, seja ela uma visão particular do real. (RB)

Abaixo, um trecho de Nanook, o esquimó (1921):

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

[Perfil] Flávio Cândido

Flávio Cândido começou realizando filmes em Super 8 em Juiz de Fora, MG. Em 1985, se formou em cinema pela Universidade Federal Fluminense. Já realizou 17 curtas e médias entre filmes de ficção, documentários e ensaios. Seu roteiro de “O Revisionista e o Fora-da-Lei” recebeu um prêmio do Ministério da Cultura em 1998.

Seu último filme, “A Terceira Morte de Joaquim Bolívar”, é uma comédia política que começa 1964 e vem até os dias de hoje, quando um militante do Partido Comunista, Joaquim Bolívar, chega em uma pequena cidade que espera o progresso que promete a construção de uma usina hidrelétrica. Ele reflete a própria vida do cineasta, que esteve envolvido com os movimentos estudantis na década de 70 e tem como referência a queda do socialismo e o conformismo daqueles que lutaram na juventude, mas desistiram de seus ideais.

Também realizou programas para a TV e peças publicitárias, além de ser escritor e ter trabalhado como crítico de cinema no jornal “O Fluminense”, de Niterói. Realizou escolas de cinema para o projeto Escola da Paz, da Unesco. Coordena o “Caravana Holiday”, voltado à qualificação para cinema para estudantes, professores e público em geral.

Ficha do filme “A Terceira Morte de Joaquim Bolívar”

[Perfil] Andrucha Waddington

Nascido no Rio de Janeiro, em 1970, o diretor, produtor de cinema e publicidade brasileiro, Andrew "Andrucha" Waddington, é mais conhecido por seu trabalho na direção de longas-metragens de sucesso, mas o que pouco é divulgado, é que Waddington também já trabalhou na produção de diversos roteiros como os de "Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda", "Casa de Areia" e "Os Penetras", que estréia ano que vem nos cinemas.

Junto com o cunhado, o diretor Cláudio Torres, Waddington é sócio da Conspiração Filmes, desde 1995. Casado com a atriz Fernanda Torres, com quem tem dois filhos, Joaquim (8 anos) e Joaquim (2008), Andrucha também já foi casado antigamente com Kiti Duarte, mãe dos seus dois filhos mais velhos, João e Pedro.

Vencedor de alguns prêmios, seu filme mais premiado foi "Eu Tu Eles" (2000) que ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Havana e o prêmio de Melhor Filme e o Prêmio da Crítica no Festival de Cartagena.

No ano passado, dirigiu a série "Retrato Celular", onde jovens de quatro estados filmaram suas rotinas e mostram seu dia-a-dia. A série, com oito capítulos, era gravado pelos jovens e foi exibida no Multishow, parceiro do projeto.

Além de seu trabalho com o cinema, já dirigiu videoclipes de vários artistas, entre eles Skank, Arnaldo Antunes, Djavan, Caetano Veloso e Marina. Na publicidade, se destacou dirigindo campanhas para grandes marcas nacionais e internacionais.

FILMOGRAFIA:

DIREÇÃO
# Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda (2007)
# 'Y Ikatu Xingu (2006) [TV]
# Casa de Areia (2005)
# Viva São João! (2002)
# Gilberto Gil: Tempo Rei (2002)
# Outros (Doces) Bárbaros (2002)
# Os Paralamas do Sucesso - Longo Caminho (2002)
# Eu Tu Eles (2000)
# Gêmeas (1999)

PRODUÇÃO
# Os Penetras (2009)
# Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda (2007)
# Casa de Areia (2005)
# Viva São João! (2002)
# Amyr Klink - Mar Sem Fim (2002)
[TV]
# Surf Adventures - O Filme (2002)
# Outros (Doces) Bárbaros (2002)
# Bufo & Spallanzani (2001)
# Eu Tu Eles (2000)
# Gêmeas (1999)

ROTEIROS
# Os Penetras (2009)
# Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda (2007)
#
Casa de Areia (2005)
# Viva São João! (2002)
# Outros (Doces) Bárbaros (2002)
# Gêmeas (1999)

domingo, 19 de outubro de 2008

[Perfil] Di Moretti

Formado em Rádio & TV pela FAAP e jornalismo pela PUC-SP, Di Moretti é roteirista, além de ter sido redator em revistas, jornais e rádios. Seu primeiro roteiro foi do documentário O Velho – A História de Luiz Carlos Prestes (1997), dirigido por Toni Venturi e premiado na categoria Melhor Filme do festival “É Tudo Verdade” (1997).

Di voltaria a trabalhar com Venturi em Latitude Zero (2001) - Melhor Roteiro Festival de Brasília - (2000) seu primeiro roteiro nas aléias da ficção, uma adaptação do texto teatral de Fernando Bonassi, As Coisas Ruins da Nossa Cabeça. Ainda das ribaltas às telas, o roteirista escreveria para Reinaldo Pinheiro, Nossa Vida Não Cabe Num Opala (2008), adaptação da peça Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet, de Mário Bortolotto.

Outros roteiros de Di Moretti são: Cabra-Cega (2004), laureado com o prêmio de Melhor Roteiro do 37ª Festival de Brasília; Filhas do Vento (2004), Melhor Roteiro do 2º Paratycine (2005) e 8 Kikitos no 32º Festival de Gramado (2004); As Vidas de Maria (2005), ganhador do prêmio “Brasil Cinema” – Baixo Orçamento MinC.

Além de atuar como roteirista, Di Moretti é professor de cursos de roteiro cinematográfico e consultor de laboratórios como os do Sundance Institute e SESC Rio de Janeiro. Também fundou e, atualmente, preside a AC, a associação Autores de Cinema, que luta por melhor reconhecimento e proteção da atividade de roteirista no Brasil, assim como sua profissionalização por aqui.

Confira os trailers de Latitude Zero e O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes:

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

[Perfil] Denise Bandeira

Denise Bandeira começou como atriz no teatro e, em 1976, foi chamada para atuar no filme “O Vampiro de Copacabana”, de Xavier de Oliveira. O filme ficou inacabado, então trabalhou em O Pistoleiro, onde teve sua estréia nas telonas. Ela se encantou com o meio e passou a participar de diversos filmes da época.

Em 1978, trabalha em seu primeiro filme com Hugo Carvana, “Se Segura Malandro”, com quem iria se tornar uma parceira inseparável, tanto no cinema quanto na TV. Nesse ano também dirigiu e roteirizou o curta “Mal Incurável”.
Dentre os filmes realizados pela dupla, “Bar Esperança - O Último que Fecha” teve seu roteiro premiado no Festival de Gramado.

Na função de roteirista, participou de diversos programas da TV, como “Armação Ilimitada”, “A Vida Como Ela É” e a novela “Celebridade”, de Gilberto Braga. Seu trabalho mais recente em roteiro foi em 2003, colaborando com “Sexo, Amor e Traição”, de Jorge Fernando. O longa fala sobre infidelidade e separações em dois apartamentos vizinhos.

Site oficial de “Sexo, Amor e Traição”

Ficha do filme

Trailer

[Perfil] Marçal Aquino

Escritor, roteirista e jornalista free-lance, Marçal Aquino adaptou os livros Até o dia em que o cão morreu, de Daniel Galera e O cheiro do ralo de Lourenço Mutarelli para os respectivos filmes, Cão sem dono (2007) e O Cheiro do Ralo (2006) com Selton Mello. Além disso, Aquino escreveu O Invasor (2002) dirigido por Beto Brant, que virou posteriormente um livro homônimo. Outros trabalhos com Beto Brant foram: Crime delicado (2005) com Marco Ricca, Ação entre amigos (1998) e Os matadores (1997).

O escritor-roteirista de 1958 é natural de Amparo-SP, e lá começou a escrever para jornais da cidade. Posteriormente, foi repórter e redator de futebol no Estadão, e, logo depois, subeditor de Geral-cidade, comportamento e polícia do Jornal da Tarde. Essa experiência como jornalista deu lastro às criações de thrillers policias muito apreciados por alguns diretores brasileiros.

A primeira obra de Aquino foi um livro de poesias, Por bares nunca dantes naufragados (1985). O escritor ganhou o V Prêmio Bienal Nestlè de Literatura – Conto (1991) pelo livro As fomes de Setembro e o Prêmio Jabuti 2000 por O amor e outros objetos pontiagudos, e atuou como consultor no IV Laboratório de Roteiros Sundance/Riofilme em 2002 a convite do Sundance Institute, e é, também, membro da associação Autores de Cinema.

Seu trabalho mais recente para o cinema é o roteiro de Cabeça a Prêmio, que está em fase produção e sendo dirigido por Marco Ricca no Mato Grosso do Sul. O roteiro do filme é baseado em livro homônimo de Aquino.

Confira um trecho do filme O Invasor (2002) interpretado por Alexandre Borges e Marco Ricca:



Link: http://www.youtube.com/watch?v=efenlo9Zc1s

terça-feira, 14 de outubro de 2008

[Perfil] Tata Amaral

A cineasta brasileira Tata Amaral (Márcia Lellis de Souza Amaral) nasceu em São Paulo no dia 19 de setembro de 1960. Sua carreira nos cinemas começou em 1983, como assistente de produção, passando para diretora de produção e produtora-executiva. Se destacando com sua experimentação de linguagem e meios, suas produções conquistaram quase cinqüenta prêmios em festivais nacionais e internacionais.

O curta-metragem "Viver a Vida" (1991), foi seu primeiro trabalho como roteirista. Seis anos depois, Tata Amaral estreou com a direção de seu primeiro longa, "Um Céu de Estrelas" (1997), considerado pela crítica como um marco do cinema brasileiro. Sua estréia na produção de roteiros de longas-metragens aconteceu em 2000, com o filme "Através da Janela", na qual também teve participação dirigindo.

Seu primeiro livro,
"Hollywood - Depois do Terreno Baldio" (2007), reúne 56 contos e trata essencialmente do estado de espírito de personagens e do universo da periferia urbana, um universo doloroso. Vale citar que o material colhido para seu livro se deu durante as pesquisas para o filme "Antônia - O Filme", longa que recebeu o prêmio Petrobrás Cultural de Difusão de melhor ficção na Mostra de São Paulo.

FILMOGRAFIA
- Diretora
# Antônia - O Filme (2006) [Leia o Blog da série]

# Através da Janela (2000)

# Um Céu de Estrelas (1996)

- Atriz
# Garotas do ABC (2003)


- Produtora

# Antônia - O Filme (2006)

# Um Céu de Estrelas (1996)

# Moleque de Rua: O Nobre Pacto (1991)
[Curta-metragem]
# Viver a Vida (1991) [Curta-metragem]


- Roteirista
# Antônia - O Filme (2006)
# Através da Janela (2000)
# Viver a Vida (1991)
[Curta-metragem]

CURTAS:
- Diretora
# Vila Ipojuca (2003)

# Juke Box (2002)

# VinteDez (2001)

# O cinturão de Hipólita (1994)

# Não Usar o Santo Nome em Vão (1993)

# Orgulho (1992)

# Viver a Vida (1991)

# História familiar (1988)
# SP PAN 360° (1987)

# Queremos as ondas do ar (1986)

# Poema: Cidade (1986)

# Mude seu dial (1986)

Crédito: Ilustração retirada da Internet

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

[Perfil] Bráulio Mantovani

Bráulio Mantovani é formado em Letras pela PUC-SP e especializado em roteiro pela Universidade Autônoma de Madri, atuando como roteirista profissonal desde 1987. É autor da adaptação do livro Cidade de Deus (2002) e de Última Parada 174 (2008) - longa de Bruno Barreto que estréia dia 24 deste mês e selecionado pelo MinC para concorrer ao Oscar 2009 na categoria de melhor filme em língua estrangeira.

O paulistano de 1963, nascido no bairro do Ipiranga, destacava-se na escola pelo talento com redações e poesia. Passou a morar em São Bernardo do Campo aos 15 anos, e lá, formou-se em eletrotécnica, chegando a lecionar para o sindicato de metalúrgicos. Mantovani descobriu o teatro antes que o cinema. Participou de grupos de teatro e promovia performances estudantis dentro da PUC onde havia passado em Letras. Teve uma crítica elogiosa pela Folha de S. Paulo dos anos 80, ao atuar como Dionísio na peça Lusíadas or not Lusíadas? com estréia no Teatro Sérgio Cardoso.

Trabalhou em Nova Iorque com Zbig Rybczynsky - diretor polonês de filmes experimentais na época - como assistente de produção, câmera e direção.

Depois de NY, o roteirista rumou à Espanha onde estudou roteiro e escreveu uma peça de nome Menecma (sinônimo de sósia). Quando regressa ao Brasil, seu escrito é lido por Fernando Meirelles, que o convida para adaptar o livro Cidade de Deus, de Paulo Lins, às telas. Por esse feito, o roteirista tem sua obra indicada à categoria de melhor roteiro adaptado na edição 2004 do Oscar.

Além desses trabalhos, Mantovani colaborou com o roteiro do recente Linha de Passe (2008) dirigido por Walter Salles, co-roteirizou O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006) e o polêmico Tropa de Elite (2007). Roteirizou, também, programas educativos para a TV Cultura, Canal Futura e TV Escola.

Abaixo, o trailer de Última Parada 174:



Mais sobre Bráulio e seus trabalhos:
# Autores de Cinema
#
IMDb
#
Fernanda Torres fala de Mantovani (Revista Piauí)
#
Marcelo Tas entrevista Mantovani (UOL Cinema)

Crédito: Ilustração retirada da Internet