quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Habilidade portuguesa em mares revoltosos

Um melodrama documental. É nesse gênero que se encontra o filme vencedor do prêmio da crítica do findo 32º Festival de Cinema de São Paulo. O português Aquele Querido Mês de Agosto (2008), é um filme que nasceu mais pelas mãos de Miguel Gomes que pela ajuda das verbas.

Meses antes das filmagens previstas, os produtores avisaram a Gomes de que o roteiro custava caro para ser captado. Logo, o luso-diretor de 36 anos teve de recorrer a filmagens documentais das festas de agosto - pano de fundo da trama - em Portugal, para cortar gastos com a produção. Um ano depois, ele retorna aos bailes de verão para filmar o roteiro ficcional de seu longa. Para tanto, o cineasta pede aos habitantes das localidades filmadas para entrarem nas gravações e interpretar personagens, além de usar, também, a própria equipe para a dramatização. O que se assiste, é a uma história interpretada por diretor de produção, assistente de câmera e, até, maquiadora.

Além disso, Gomes escreveu o argumento junto a Mariana Ricardo que trabalha com música. Foram ouvidas centenas de canções que permearam os 150 min. de filme.

“Ele [o filme] não quer repetir fórmulas, quer experimentar. É o tipo de filme que corre riscos” diz o crítico de cinema, Sérgio Rizzo. Sérgio acentua a importância da crítica ao selecionar um filme e trazê-lo ao conhecimento público – ainda que, aqui no Brasil, o longa não tenha sido comprado por nenhuma distribuidora – e destaca que o experimentalismo de Aquele Querido Mês de Agosto é um fator a ser valorizado.

Os problemas existiram como deixa evidente o diretor Miguel Gomes em entrevista ao blog de cinema da Ilustrada, porém esses mesmos empecilhos deram ao trabalho do português, exclusividade.

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