segunda-feira, 24 de novembro de 2008

[Perfil] Marcos Caruso

Nascido em São Paulo, no dia 22 de fevereiro de 1952, Marcos Vianna Caruso, desde os sete anos de idade já sabia que queria ser ator. Hoje é dono de uma consagrada carreira dentro da dramaturgia brasileira, mas o que poucos sabem é que além de atuar, Caruso também escreve e dirige telenovelas, peças teatrais e roteiros para cinema.

Formado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Marcos Caruso casou-se com
a atriz Jussara Freire, com quem viveu por vinte anos e teve dois filhos (Caetano Caruso e Mari Caruso). Hoje está casado com com Dani Calichio.

Sua estréia como ator aconteceu em 1973, na produção do grupo União e Olho Vivo, em "Rei Momo". Mas foi apenas em 1986, que lançou-se como autor, estreando com “Jogo de Cintura”, em parceria com Jandira Martini. Tal parceria gerou uma grande lista de textos e espetáculos de sucesso como: "Porca Miséria" (1993), "Sua Excelência, o Candidato" (1994) e "Os Reis do Improviso" (1996).

Sua obra de maior sucesso até hoje é a peça "Trair e Coçar, É Só Começar" (1989), escrita em conjunto com Jandira Martini, que está há mais de vinte anos em cartaz. Considerado um verdadeiro recorde de bilheteria, a peça já obteve quatro registros no Guinness Book como a peça brasileira de mais longa temporada e atualmente virou filme.


Nesse ano, Marcos Caruso viveu o padre da novela "Desejo Proibido" e hoje está no ar na novela "Três Irmãs", ambas da Rede Globo. Em entrevista ao portal do Uol, ele revela que ainda tem receio de trabalhar em um veículo de comunicação tão poderoso. "O meu medo é que ela cria atores de um papel só. Isso dá a impressão de que a televisão não tem criatividade ou não confia no talento do contratado", afirma. Sua biografia pode ser encontrado no livro "Um Obstinado", de Eliana Rocha, publicado na Série Perfil, da Coleção Aplauso.

ROTEIRISTA:
# Trair e Coçar É Só Começar (2006) [Cinema]
# O Casamento de Romeu e Julieta (2005) [Cinema]
# Brava Gente (1996) [TV]
# Sua Excelência, o Candidato (1992) [Teatro]
# A História de Ana Raio E Zé Trovão" (1990) [TV]
# Braço de Ferro (1983) [TV]
# Campeão (1982) [TV]
# A Filha do Silêncio (1982) [TV]

ATUAÇÃO:
# [2008] Três Irmãs - Dr. Alcides Áquila
# [2008] Casos e Acasos - Adauto
# [2007] Desejo Proibido - Padre Inácio Gouvêia
# [2006] Páginas da Vida - Alex (Alexandre Flores)
# [2004] Como uma Onda - Dr. Prata
# [2003] Mulheres Apaixonadas - Carlão (Carlos de Souza Duarte)
# [2002] Coração de Estudante - Dr. Raul Gouvêia
# [2001] Presença de Anita - Gonzaga
# [2001] O fantasma da ópera - Ronald Figueiredo
# [1998] Serras Azuis - Dr. Rivaldino Paleólogo
# [1995] Sangue do meu sangue - Conde Giorgio de La Fontana
# [1994] Éramos seis - Virgulino
# [1990] A História de Ana Raio e Zé Trovão - locutor de rodeios
# [1990] O Canto das Sereias - Hélio
# [1990] Pantanal - Tião
# [1984] Jerônimo - Dr. Otoniel
# [1978] Aritana - Marcolino

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

[Perfil] Rosemberg Cariry

Nascido em Farias Brito, no Ceará, formou-se em Filosofia. Começou sua carreira em 1986, com o documentário “O caldeirão da Santa Cruz do Deserto”. Depois, em 1993, rodou “A saga do guerreiro alumioso”. Trabalhou também em produções de TV sobre a cultura do nordeste.

Desde criança, tem interesse pelo tema do cangaço, o qual ele retratou em 1996, com “Corisco e Dada”. No filme, ele mescla relatos do casal e suas memórias de infância, povoadas pelas figuras dos fora-da-lei.

Seu filme mais recente, “O Grão”, fala da morte eminente de uma senhora, Perpétua, e sua maneira de preparar seu neto, Zeca, para o que está para vir, através de uma história, que ela conta enquanto a família de Damião e Josefa se prepara para o casamento de sua filha Fátima.

Seu próximos projetos incluem uma mistura de figuras folclóricas do Ceará com obras de José de Alencar, em “Cine Tapuia”. Já “Siri-ará” fala da vinda de Dom Pero Coelho ao sertão.

Trailer de "O Grão":


Entrevista para a TV Crato:



quarta-feira, 12 de novembro de 2008

[Perfil] Paulo Cezar Saraceni

Já em seu primeiro trabalho, o curta-metragem “Arraial do Cabo”, Saraceni ganhou sete prêmios em festivais na Itália, França e Espanha, além de prêmios por aqui. Após isto, ganhou uma bolsa do Centro Experimental de Cinematografia de Roma, o que permitiu que fizesse contatos com cineastas de renome, como Bernardo Bertolucci e Guido Cosulich. Também nessa época esteve em contato com Gluber Rocha, com quem faria o movimento do Cinema Novo, junto de Nelson Pereira dos Santos e outros.

Em 1962, voltou ao Brasil e adaptou o romance de Lúcio Cardoso em "Porto das Caixas", de quem também adaptaria "A Casa Assassinada" e "O Viajante". Ganhou um prêmio pelo roteiro de “Capitu” em 1967, no qual também assinam Paulo Emílio Sales Gomes e Lygia Fagundes Telles.

Defensor entusiasmado do cinema nacional, faz frente ao domínio do cinema norte-americano em nossas salas de exibição. Seus filmes são uma maneira de representar os problemas brasileiros. É de sua autoria a frase “uma câmera na mão, uma idéia na cabeça”, propagada por Glauber Rocha, na qual consiste em uma maneira de enfrentar não apenas problemas técnicos, mas pensar fora da grande indústria na realização de produções.

Ficha Técnica de "Arraial do Cabo"

Trecho do filme "Bahia de todos os sambas":


[Perfil] Helvécio Ratton

Nascido na bucólica Divinópolis, Minas Gerais, em 1949, Helvécio Ratton, formou-se em Psicologia, mas ficou mundialmente conhecido como cineasta. Começou a trabalhar com cinema "por paixão e por acaso. Desde a infância, os filmes tiveram muita importância em minha vida", conta.

Na adolescência, teve que ir morar no Chile como exilado político, por sua participação política na faculdade. Lá retomou os estudos de Economia, até que uma tarde, no centro de Santiago, um amigo chileno estava formando uma equipe lhe convidou pra trabalhar com ele. Helvécio aceitou e trabalhou como assistente de produção no departamento de arte. Depois dessa experiencia não parou mais. Trabalhou para a Chile Films na produção de diversos curtas, onde fazia a produção a roteiro. Voltou em 75 para o Brasil, onde fez diversos filmes publicitários e documentários institucionais, enquanto não conseguia fazer seus próprios filmes.

Hoje seus filmes estão entre os nacionais mais premiados mundialmente. Sua estréia na direção de um longa-metragem foi com "A Dança dos Bonecos" (1986), premiado em Brasília, em Gramado e em festivais na Itália, na Alemanha e em Portugal. Sua volta aos filmes infantis foi quando cuidou da direção de "Menino Maluquinho" (1995), inspirado no personagem criado por Ziraldo. Fundou a Quimera Filmes, em sociedade com Simone Matos, onde rodou "Amor & cia." (1998), baseado em Eça de Queirós, premiado nos festivais de Brasília e Mar del Plata.

Para Ratton, o público vai ao cinema por causa dos atores, por isso seu pensamento é o oposto de muitos cineastas, para ele o que mais importa em seus filmes são os atores, sendo privilegiados e sendo sempre centro da produção.

"Busco narrar através de imagens, procuro material visual todo o tempo, até mesmo durante o processo de escrita do roteiro. Vejo fotos, filmes, visito locações e ver tudo isso vai condicionando a própria criação do texto. A visualização, portanto, não é para mim um processo que ocorre depois do roteiro estar pronto, mas sim durante sua própria criação", revela em entrevista ao Site de Cinema.

Para a televisão trabalhou na direção e no roteiro de "O Casamento de Iara" (2004). Seu último trabalho nos cinemas foi o longa-metragem "Pequenas Histórias" (2007), que conta a história de uma bordadeira, que na varanda de uma fazenda, conta histórias de humor e magia.

Vale citar que o critico de cinema Pablo Villaça escreveu uma biografia sobre Helvécio, que ganhou lançamento em evento especial durante a 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

FILMOGRAFIA
Direção:
# Pequenas Histórias (2007)
# Batismo de Sangue (2006)
# O Casamento de Iara (2004) [TV]
# Uma Onda No Ar (2002)
# Amor & Cia (1998)
# Menino Maluquinho - O Filme (1994)
# A Dança dos Bonecos (1986)
# Em Nome da Razão (1979) [Curta-metragem]

Roteirista:
# Pequenas Histórias (2007)
# Batismo de Sangue (2006)
#
O Casamento de Iara (2004) [TV]
# Uma Onda No Ar (2002)
# A Dança dos Bonecos (1986)

Produtor:
# Batismo de Sangue (2006)
# Noites do Sertão (1984)
# Idolatrada (1983)

Segue abaixo dois vídeos com uma entrevista que Renato Silveira, co-editor do Cinema em Cena, fez com o cineasta Helvécio Ratton e o trailer do longa-metragem "Pequenas Histórias".


TRAILER: "PEQUENAS HISTÓRIAS"

Link: http://www.youtube.com/watch?v=FpqmHcDcxSk

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Leopoldo Serran na Cinemateca!

"A Grande Cidade", "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "Bye Bye Brasil", "O Quatrilho", "O Que É Isso, Companheiro?". Esses são filmes fundamentais na história do cinema brasileiro. Refletem bem épocas específicas e tiveram considerável repercussão quando foram lançados. Mas, a par de suas temáticas completamente diferentes, o que esses filmes têm em comum? Todos eles foram escritos ou co-escritos por um dos mais destacados autores do cinema nacional, Leopoldo Serran. Falecido no último mês de agosto aos 66 anos devido a um câncer no fígado, Serran recebe essa semana uma homenagem da Cinemateca Brasileira, com a exibição de 9 filmes que tiveram o carioca formado em Direito como autor.

A partir dessa quarta-feira (12) e até domingo, o público paulistano terá a oportunidade de conhecer (ou rever) alguns títulos que, incontornavelmente, fazem parte dos clássicos de nossa cinematografia. "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), dirigido por Bruno Barreto, por exemplo, é até hoje a maior bilheteria nacional, com mais de 10 milhões de entradas. Considerando todos os filmes lançados no Brasil, só perde para "Titanic" (1997), de James Cameron e "Tubarão" (1975), de Steven Spielberg. Em 1975, recebeu o prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) pelo roteiro de "A Estrela Sobe", juntamente com Cacá Diegues, Bruno Barreto e Isabel Câmara.

Serran não escreveu apenas roteiros para cinema. Também trabalhou em seriados televisivos, como "A Máfia no Brasil" (1984), "Engraçadinha...Seus Amores e Seus Pecaods" (1995), baseado no texto de Nelson Rodrigues e "Carga Pesada" (2003).

Em relação à programação da Cinemateca, vale dar dois destaques. O primeiro é "Na Boca do Mundo" (1978), de Antônio Pitanga, mais conhecido do público como ator. O longa será exibido em DVD, pois, como informa o site da Cinemateca, não existem cópias em película. O segundo é "Desesperato" (1968), de Sérgio Bernardes Filho, filme pouco conhecido e que será passado em uma cópia 35 mm restaurada.

Confira a programação completa no site da Cinemateca.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Habilidade portuguesa em mares revoltosos

Um melodrama documental. É nesse gênero que se encontra o filme vencedor do prêmio da crítica do findo 32º Festival de Cinema de São Paulo. O português Aquele Querido Mês de Agosto (2008), é um filme que nasceu mais pelas mãos de Miguel Gomes que pela ajuda das verbas.

Meses antes das filmagens previstas, os produtores avisaram a Gomes de que o roteiro custava caro para ser captado. Logo, o luso-diretor de 36 anos teve de recorrer a filmagens documentais das festas de agosto - pano de fundo da trama - em Portugal, para cortar gastos com a produção. Um ano depois, ele retorna aos bailes de verão para filmar o roteiro ficcional de seu longa. Para tanto, o cineasta pede aos habitantes das localidades filmadas para entrarem nas gravações e interpretar personagens, além de usar, também, a própria equipe para a dramatização. O que se assiste, é a uma história interpretada por diretor de produção, assistente de câmera e, até, maquiadora.

Além disso, Gomes escreveu o argumento junto a Mariana Ricardo que trabalha com música. Foram ouvidas centenas de canções que permearam os 150 min. de filme.

“Ele [o filme] não quer repetir fórmulas, quer experimentar. É o tipo de filme que corre riscos” diz o crítico de cinema, Sérgio Rizzo. Sérgio acentua a importância da crítica ao selecionar um filme e trazê-lo ao conhecimento público – ainda que, aqui no Brasil, o longa não tenha sido comprado por nenhuma distribuidora – e destaca que o experimentalismo de Aquele Querido Mês de Agosto é um fator a ser valorizado.

Os problemas existiram como deixa evidente o diretor Miguel Gomes em entrevista ao blog de cinema da Ilustrada, porém esses mesmos empecilhos deram ao trabalho do português, exclusividade.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

[Perfil] Erik De Castro

Nascido em 1971, Erik De Castro é um cineasta brasiliense que desde sua adolescência, se dedicava ao cinema. Com 18 anos, criou, em parceria com Heber Moura, o programa de rádio 'Sábado à noite no cinema'.

Entre os anos de 92 e 94, foi estudar em
Los Angeles City College, retornando para Brasília apenas em 95, quando funda com o irmão, Christian de Castro, a BSB Cinema Produções. Além disso, também é um dos fundadores dos Estúdios Millenium, de Brasília, um complexo de produção audiovisual.

No ano de 96,
Erik, assinou a produção, co-roteirizou e co-dirigiu o média-metragem, "Razão para Crer", ao lado de Heber Moura. No ano de 99, dirigiu o longa "Senta a Pua!", um documentário sobre a participação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça brasileiro na Segunda Guerra. O documentário foi exibido na última noite do Festival de Brasília de 1999.

Outro documentário com um tema muito parecido, produzido por Erick, foi "A Cobra Fumou", lançado em 2002, destacando o papel da Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. Esse ano, está agendado para acontecer a estréia do longa "Federal", filmado em 2006, que conta a história de um perigoso traficante que se instala em Brasília.

FILMOGRAFIA
Diretor
Federal (2008)
Senta a Pua! (2000)

Montagem
Senta a Pua! (2000)


Produtor
Federal (2008)
A Cobra Fumou (2002)

Senta a Pua! (2000)


Roteirista
Federal (2008)
Senta a Pua! (2000)


Trailer do filme "
Senta a Pua!" (2000)

Link: http://www.youtube.com/watch?v=NqaiTkBZYpo

sábado, 1 de novembro de 2008

Dois roteiros para um único épico

Günter Lamprecht como Franz Biberkopf em Berlin Alexanderplatz (1980)
Nos idos de 80, o mundo encontrava-se na tensão de uma possível guerra nuclear protagonizada pelos panteões bélicos da época, que haviam tomado Berlim por palco de suas ideologias e políticas. Dividida em duas, a atual capital alemã teve uma de suas praças demarcada como propriedade soviética. Alexanderplatz estava encravada no centro de uma cidade símbolo de uma nação que conheceu a riqueza pela industrialização radical e rápida, mas também, por sanções que humilharam e delimitaram seu poderio como Estado forte.
Foi na mesma conturbada década de 80, que a televisão alemã ARD, publica Berlin Alexanderplatz (1980), série inspirada no romance de Alfred Döblin. Dirigida e roteirizada por Rainer W. Fassbinder, a série, com 13 episódios e epílogo, seria exibida em toda sua extensão de 15h e 20 min, nos cinemas alemães em 23 de junho de 1981. O filme foi rodado, pela segunda vez e em sua versão remasterizada, na 32ª Mostra Internacional de Cinema em blocos de 3 episódios cada. Anteriormente, já tinha ido às telas em uma só tacada na 9ª Mostra de Cinema.

Apesar de não ter concebido uma versão especial para o cinema como queria – elenco diferente, roteiro diferente, formato diferente – o cineasta tornou-se reconhecido pelo megafilme. “Fassbinder não busca mostrar o estereótipo do alemão, nem uma visão cor-de-rosa dele, mas sim, uma visão crítica da sociedade alemã”, diz o historiador e organizador de mídias do Instituto Goethe, Paulo Pina. O filme traz o protagonista Franz Biberkopf como partícula integrante de uma sociedade materialista que busca purgar seus fantasmas e levar uma vida tranqüila. “É um filme épico. Por meio de um personagem se construiu a história de um povo”, complementa Paulo.

O romance homônimo de Döblin é dividido em 9 ivros, mas veio posterior à história contada em folhetins no ano de 1928. Três anos mais tarde, é feita a primeira versão de Berlin Alexanderplatz para o cinema. Phil Jutzi dirige e o próprio Döblin roteiriza, no entanto, o filme mais antigo não passa dos 90 min.

Em entrevista contida no livro A Anarquia da Fantasia (Jorge Zahar, 1988), Fassbinder fala sobre o roteiro da série e o roteiro de Berlin Alexanderplatz para um futuro filme: “o seriado de TV procura estimular o espectador a ler, muito embora sua visão seja solicitada. O trabalho do filme é completamente diferente: para começar ele conta, de forma bastante condensada, uma estória que só posteriormente surte seu efeito, botando para trabalhar a consciência e a imaginação do espectador. Pode-se dizer que segui muito de perto o romance. E pode-se dizer também que existem modificações decisivas.”

Embora não tenha feito o filme, mas apenas a série, o diretor bávaro deixa bem claro, com a exteriorização dos diálogos interiores contidos no livro de Döblin, o distanciamento do personagem de si mesmo, fator que acaba contaminando o espectador e colocando-o num lugar de crítico ao invés de imergi-lo na trama por identificação com as personagens. Além disso, Fassbinder dá ênfase ao papel das mulheres em Berlin Alexanderplatz, coisa que não se verifica no romance de Döblin, já que o autor se atém a tradição romanesca do século XVIII, época em que as mulheres não são muito consideradas, exceto quando se tem vontade ou necessidade.

Mesmo com sua morte prematura aos 37 anos, Fassbinder deixou um grande legado ao povo alemão, ainda que precisasse mexer em cruentas feridas. Nem Berlin Alexanderplatz nem as demais películas do diretor alemão são suaves no que propõem, e estão determinadas em discutir o status de uma nação que intercalou fracassos e glórias em tão curto tempo.